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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Bolívia, sim!

Praça Murillo
“Bolívia???” – Geralmente é com ar incrédulo que ouço essa expressão toda vez que falo da minha viagem de férias de 2011. Sim, a Bolívia é um destino surpreendente, cheio de contrastes e que, para muitos, visitá-lo será uma agradável surpresa.

Apesar de ser um dos países mais pobres das Américas a Bolívia possui uma riquíssima cultura milenar e inúmeras paisagens deslumbrantes: os montes nevados da cordilheira, o lago sagrado, o deserto de sal, o esplendor da civilização inca. É um país isolado não só geograficamente mas, principalmente, pelos valores e crenças ancestrais que resistem aos novos tempos. É como se fosse um mundo distante do nosso, ainda que tão próximo. É tumultuado e exótico ao mesmo tempo.

          
   La Paz é a capital executiva e legislativa da Bolívia (a constitucional é Sucre) e fica sobre uma imensa cratera, apesar da profundidade a cidade está a 3800 metros de altitude. E assim que se chega a La Paz o corpo já sente os efeitos da altitude... com a falta de ar é preciso subir vagarosamente e parar várias vezes em cada ladeira da cidade (e são muitas!). O que me deixava mais sem fôlego era ver as cholas (nativas com roupas e chapéus típicos) carregadas com peso e me ultrapassando com a maior facilidade. Soube que os nascidos no altiplano têm a caixa torácica e pulmões maiores que os nossos. Essa informação me fez sentir um pouco menos humilhada – mas só um pouco!
Tiwanaku
            Em La Paz me hospedei no Loki Hostel, que tem hospedagem boa e barata, além de ter ótima atmosfera. E para quem abomina dividir quartos o hostel possui acomodações privativas também muito confortáveis.
            Alguns passeios são imperdíveis para o visitante: o Museo de La Coca, onde é possível entender melhor a polêmica trajetória da folha de coca e sua importância para o povo andino; o Valle de La Luna que é bastante visitado por sua impressionante geografia; o Mercado de Las Brujas que é uma conhecida rua de comércio, sobretudo de artigos de feitiçaria; as ruínas do sítio arqueológico de Tiwanaku para conhecer um pouco da história dos povos pré-colombianos.

         
Pra quem não perde uma aventura Chacaltaya é o lugar! Fica a apenas 50 km de La Paz e é uma montanha de 5400 metros de altitude que abriga uma antiga estação de esqui, que em atividade era a mais alta do mundo. A van nos deixa a 500 metros do topo da montanha, mas por causa do ar rarefeito dá uma sensação de estar a quilômetros de distância. Só mascando muita folha de coca para não passar mal. Apesar da neve caindo o frio era bem suportável. Chegar ao topo do Chacaltaya não é a única emoção... o trajeto de ida e volta é uma história a parte: a estradinha foi construída na década de 1930 e é margeada por um abismo, em certas curvas os passageiros precisam se espremer para um ou outro lado para dar o contrapeso necessário para garantir a estabilidade do veículo.





            A Bolívia é um país sem litoral, graças a Guerra do Pacífico em que o Chile tomou a saída para o mar. No entanto, possui Copacabana que é uma cidadezinha as margens do Lago Titicaca (que de tão grande até parece mar). Aliás, é bom lembrar que vem de lá a origem do nome da mais famosa praia brasileira.
            É de Copacabana que saem os barcos para Isla del Sol, a mais visitada de todas as ilhas do Titicaca. Segundo a lenda local, o deus Sol criou Manco Capac e Mama Ocllo no lago para formar o império inca e definir os três princípios da cultura: não roubar, não mentir e não ser preguiçoso. Já em terra firme, o caminho para chegar ao topo da ilha testa se o peregrino realmente respeita esse último lema: uma escadaria de mais de 200 degraus ou uma trilha muito sinuosa, íngreme e cheia de pedras. Lá do alto, além do pôr-do-sol deslumbrante, a vista do azul profundo do lago emoldurado pela Cordilheira dos Andes valem o sacrifício.


          Para mim, sem dúvida, o ponto alto da viagem foi conhecer o Salar de Uyuni, um deserto de sal a mais de 3600 metros de altitude que é o único ponto natural brilhante que pode ser visto do espaço. Diversas agências turísticas em Uyuni (que está a cerca de 600 km de La Paz) têm passeios ao Salar. Geralmente organizam tours de um, dois ou três dias pelo deserto. Não esperem muito conforto, mas sinceramente, fui preparada para o pior e me surpreendi positivamente tanto com a comida quanto com a hospedagem. Por isso, vale a pena optar pelo passeio mais longo para conferir os mais incríveis cenários: a Isla del Pescado e seus cactos gigantes, o hotel de sal, as belíssimas lagunas (especialmente a Verde e a Colorada), o Deserto de Salvador Dali, a Árvore de Pedra, os gêiseres e as lhamas enfeitadas dos povoados bolivianos incrustados no meio desse deserto espetacular.






Dicas:

  • Tome vacina contra febre amarela pelo menos 10 dias antes de embarcar.
  • Corridas de táxi, passeios e compras são muito baratos comparados a outros destinos no Brasil ou América do Sul. Leve dinheiro suficiente para seus gastos, pois são raros os estabelecimentos por lá que aceitam cartões de crédito ou traveler’s check.
  • Cholas geralmente odeiam ser fotografadas. Respeite-as e seja discreto na hora do click!
  • Evite comer frutas e legumes crus (mesmo assim, voltar da Bolívia sem um piriri é quase inevitável), e não deixe de provar a maravilhosa truta do Lago Titicaca.
  • Masque folhas de coca, isso evitará que passe mal por causa da altitude (e NÃO... folha de coca NÃO DÁ BARATO!)
  • Prove chá da folha de coca... é uma delícia!
  • Traga chá de coca porque aqui no Brasil dificilmente irá encontrar (mas não ouse tentar trazer a folha! Só traga aqueles industrializados de saquinho... só esse pode!)
  • Obviamente nem tudo são flores: evite retornar ao Brasil pelo aeroporto Viru-Viru (em Santa Cruz de La Sierra), a polícia de lá costuma agir de forma abusiva, especialmente com as mulheres.
  • Dispa-se dos preconceitos... y viva la Bolívia!

* Muchísimas gracias ao amigo Dario Rojas!


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